
Quando me senti mal, andei de bicicleta; quando me senti feliz, andei de bicicleta. Já andei de bike à chuva, ao frio, à noite, de madrugada, na praia, no prado e na serra. Já caí milhentas vezes, já fui para o hospital e lá conheci um senhor com o nariz todo partido e ensaguentado a sorrir para mim, que tinha o cotovelo fracturado. Já ultrapassei eléctricos e táxis por os achar demasiado lentos para mim. Já pedalei subidas tão inclinadas que até os carros se esforçam para as fazer e quando cheguei lá acima pensei ‘e agora?’. Já fui às Caldas da Rainha desde a margem sul num fim-de-semana, já fugi de cães como o diabo foge da cruz (porcaria dos cães que querem morder pneus). A minha bike é uma Berg com ~2 anos e 2.805km. Andar de bike é sempre uma aventura, nunca se sabe o que acontecerá pelo caminho, se algum condutor se atravessará à nossa frente, um carro arrumado abrirá a porta de repente ou o pneu irá furar e não haverá suplente. Apresento a minha bike, a Susana. Porque lhe chamei Susana? Não sei. Parece uma Susana, que hei-de eu fazer? Chamar-lhe Alfredo? Isso seria estúpido.
Originalmente publicada em 01/2014